segunda-feira, 22 de julho de 2024

Não vire as costas para a violência

A violência está se tornando tão banal que já se sabe o que os jornais vão noticiar todos os dias. Existem até programas que vivem da violência. Seus apresentadores fazem um grande teatro ao falar de acontecimentos violentos, tentando dar um ar de indignação.


A violência é definida pela Organização Mundial da Saúde como "o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, outra pessoa, ou grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação", embora reconheça-se que incluir "uso de poder" em sua definição expande a compreensão convencional da palavra.



Fico me perguntando o que se passa na cabeça desses apresentadores. Será que eles acreditam que estão contribuindo para acabar com a violência? Será que a sua "atenção" ajuda a diminuir a criminalidade? E será que haveria audiência se não houvesse criminalidade? São questões intrigantes, na verdade.

Outro dia, eu estava indo buscar minha filha na escola quando vi uma moto parar abruptamente. Uma moça que caminhava pela calçada virou-se assustada e o motoqueiro tentou pegar sua bolsa. Eu simplesmente não podia acreditar no que estava vendo. Todos os dias ouvimos relatos desse tipo, mas testemunhar é algo que nos faz agir sem pensar muito. Parei mais adiante e comecei a buzinar insistentemente. Observando pelo retrovisor, vi uma Hilux dobrando a esquina no local do assalto, e o motoqueiro subiu na moto e fugiu no mesmo instante. Não sei dizer ao certo por que não fui atrás dele, mas retomei meu caminho. Enquanto o via se afastar, só pensava em derrubá-lo com uma manobra brusca do carro. Quando me preparei para fazê-lo, outro motoqueiro, que não tinha nada a ver com a situação, se interpôs entre nós. O motoqueiro ladrão seguiu impunemente adiante, e eu o acompanhei com o olhar até perdê-lo de vista, continuando a buzinar para que ele não se esquecesse de mim. Por quê? Por que não o persegui? Esse era o meu desejo: o trânsito estava parado! Esta é a principal vantagem para um motoqueiro. Um carro não pode ocupar o espaço que eles ocupam e, portanto, beneficiar-se da prática do mal. É simplesmente revoltante. Não conheço a moça. Acho que ela não foi assaltada, pelo menos essa foi a impressão que ficou ou, então, é fruto do meu desejo.



O medo é uma sensação que gera um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer algo, geralmente porque se sente ameaçado, tanto fisicamente quanto psicologicamente.



Depois de tudo isso, me ocorreu: e se ele estivesse armado? E se tivesse atirado nela ou em mim? Por que não continuei meu caminho? De que adiantou a buzina? Se eu tivesse derrubado o motoqueiro, o que teria feito em seguida?

Ao contar o incidente para algumas pessoas, o que mais me impressionou foram as reações: "Você teria coragem de derrubar o motoqueiro? Não teve medo? Você está louca? Mãe, o que você está pensando, além de ter feito uma loucura! Um dia você vai se arrepender!", etc. E olha, eu não me arrependo. Desejo que alguém um dia faça o mesmo pela minha filha, que passa por ali todos os dias. Tenho medo? Sim, tenho. Mas meu maior medo é ficar indiferente ao próximo. Rezo todos os dias para que Deus me proteja a mim e a todos. Que Ele me torne invisível ao inimigo. Que Ele me permita me defender do mal. E, principalmente, que eu nunca, mas nunca mesmo, precise me defender, mas se precisar, que eu saia vitoriosa. Se eu peço isso todos os dias a Ele e tenho sido atendida, como posso não olhar pelos outros?

Confesso que até pensei por que aquele motoqueiro tentou assaltar a moça. Será que havia uma família necessitada, um filho doente, desemprego, desespero? Orei por ele. Isso é tudo o que posso fazer no momento.

Agora vem o meu apelo. Não fechem os olhos para situações de violência. Não alimentem ainda mais a vulnerabilidade em que vivemos. Não assistam a programas que se beneficiam da violência. Orem a Deus todos os dias para que Ele nos proteja, a nós e aos nossos.




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