sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Tua boca





Da tua boca quero ouvir somente frases de amor,
pois dela não faz sentido outra coisa escutar.

Da tua boca quero sentir o beijo com ardor,
e nada mais ouvir, senão o splash do amor.

Da tua boca quero provar teu hálito quente e molhado,
como um beijo demorado, tal qual um sorvete a saborear.

Da tua boca quero ver teus lábios, vermelhos como uma flor;
teu sorriso mais bonito, que me encanta com fervor.

Só não quero da tua boca ouvir que tudo acabou,
pois já não imagino minha vida sem o teu amor.

Obrigada, Senhor



Hoje, na missa, compareci e agradeci por você existir em minha vida. Foi mais ou menos assim: "Obrigada, meu Deus, por me mostrar que o amor existe de uma forma que eu nunca tinha experimentado."

Lembro bem que pedi a Ti para que um dia eu soubesse o que é o amor. Pedi que mostrasses alguém que valorizasse este sentimento, que fosse sensível, que prezasse pela família, e que me amasse e eu a amasse.

Mas o tempo passou e você não veio; até me conformei. Pensei: "Não deve existir ninguém desse formato. Que chato."

O tempo trouxe uma grande surpresa. Foi quando te vi. Jamais imaginei que você fosse o meu nobre pedido. Quase deixei você seguir, mas, ao refletir, decidi: "Não! Não vou deixar o amor escapar mais uma vez."

Um grande passo foi dado até eu chegar aqui, e hoje sei com certeza que minha oração foi ouvida.

Enquanto você acreditava que eu estava te salvando, mal sabia que quem estava sendo salva era eu!

O silêncio


No silêncio do meu quarto, ouço sons à distância, de diversos modos que aqui quero relatar. Carros passam e sussurros que não reconheço me lembram o sussurro do ar, que para uns causa medo, para outros é puro deleite.

A brisa forte do mar, daqui consigo sentir, e me traz uma saudade de você, meu bem-querer. Mas que pena que não consigo ficar com você aqui, e o silêncio me faz lembrar que bem longe você está.

Algumas vezes, percebo pessoas comemorando. Quem sabe seja por causa dos jogos à beira-mar, que atraem muitos para brincar de voleibol, frescobol ou apenas caminhar.

Ouço uma moto passar e sinto um medo: será que é alguém de bem?

Detecto tábuas batendo, que me lembram grandes construções de prédios a crescer, arranha-céus que ganham forma.

Como podes perceber, o silêncio faz barulhos; só não ouço, que decepção, a tua voz a me dizer: "Bom dia, meu amor! Acorda para viver lindas histórias do nosso amor que juntos vamos construir."



quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Sonho


Sonho é algo estranho; nele somos vários personagens. Dizem que são desejos escondidos, medos não revelados ou algo não compreendido.

Assim são meus sonhos, onde ora sou menina, noutra sou mulher. Quando não, sou uma bruxa feia, com nariz grande e pontudo, e, no mesmo instante, me transformo em uma fada que, com sua varinha de condão, faz a magia acontecer e transforma toda a minha vida.

Outro dia, fui guerreira numa briga que não queria revelar todos os segredos de uma guerra secular. Combati meus medos e receios, sem deixar nada me abater.

Noutro, fui mãe que protegia seus filhos amados de um pai que não queria ser pai, mas os amava de um jeito singular; porém a mim não enxergava, havia todo um mistério.

Agora sou mulher, e muito apaixonada por um homem bem maduro, que me ama loucamente. Deste sonho, não quero acordar.


sábado, 3 de agosto de 2024

Quando te vejo



Quando te vejo, acendo logo o desejo de sentir o tremor do teu corpo, o beijo molhado e o corpo suado.

Sentir tua mão deslizar pelos caminhos ondulados do meu corpo, como se fossem as curvas de uma estrada que nos leva a correr freneticamente e parar só quando o combustível acabar.

Enquanto o combustível não acaba, beijar tua boca e explorar tua língua como os segredos de uma riqueza que só nós conhecemos.

Me agarrar aos teus abraços, como o fundir de uma solda que nem o tempo será capaz de soltar.

Quando te vejo, sinto que o tempo é precioso, como um filme a rodar, gravado em nossa memória, com cada momento vivido até aqui.

Quando te vejo, só quero estar contigo, após cada passo dado, para que, lado a lado, possamos sempre olhar para o "agora" e pensar no "presente", fazendo-nos ausentes de todo e qualquer desentendimento.

Quando te vejo...


sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Medo


Medo parece uma palavra que nos remete a algo temeroso. No entanto, ele também pode proteger você de algo ruim. Como ele nos paralisa, dá tempo de pensar no que fazer, como escapar dele ou enfrentá-lo.

Assim são meus dias longe de você, marcados por um certo medo. Medo de que você me esqueça ou desapareça. Eu te ligo com frequência, não para te controlar, mas para me sentir mais próximo de você.

Que minha presença se faça sentir, mesmo estando distante, tal qual o espelho que reflete nossa imagem, mas que não conseguimos tocar.

Que minha voz preencha teus ouvidos com palavras que você nunca deixará de ouvir, como os sussurros ditos pelos amantes apaixonados.

Que minhas mãos segurem bem o celular ao falar contigo, já que é através dele que posso estar perto de você.

Que os "bons dias" e "boas noites" sejam escrito
s diariamente, para registrar o quanto penso em você.

Que nossas conversas sejam constantes, para que essa distância não seja perceptível.

Assim, meu medo se dissipa como o céu em fúria que, agora calmo, vê as nuvens escuras serem levadas pelo vento forte, afastando toda e qualquer incerteza.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Não me deixe morrer


A vida é assim: dinâmica, não dá tempo para esperar.

Uma espera sem respostas não é possível. Então, ao tempo, pergunto: o que posso fazer para saber?

Saber se vamos juntinhos ficar, assim, como os brotos que nascem lado a lado e por todos os galhos enfeitam uma roseira. Quero você comigo sem viajar.

Viajar além-mar, onde terras não posso ficar, onde meus olhos não alcançam e meus braços não têm forças para este mar atravessar, pois nele posso me afogar de tanto desejo. Só resta do meu sonho te roubar.

Roubar a beleza de contigo ficar, passear de mãos dadas à beira-mar, sorriso nos lábios vendo a beleza do mar, olhar lado a lado, querendo só nos fitar. Furtar a brisa que acaricia os corpos e, num sopro bem forte, me faz colar em você e um beijo roubar, e mais um, e mais um.

Mas o tempo vai passando sem me responder e tudo que desejo é que um dia sejamos um só. Tudo que ao tempo peço é que passe correndo, só não me deixe morrer.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Minha primogênita


Com seus olhos grandes e brilhantes, você me olhou,  

Cabelos pretos, rosto longo, mãos tão pequeninas que cabem muitas vezes na minha.  

Assim, me conquistou, minha primogênita.


Que alegria ser vovó! De Bonita te chamamos, pois era ímpar tal beleza,  

Da garganta um nó só, minha pepita.


Hoje, tão falante, me lembra você pequena, sempre tão questionadora.  

Agora vejo que nada mudou, apenas se aperfeiçoou na herança herdada de seu pai, meu filho amado.

Nossas conversas me encantam, mostram sua beleza, que vai além da física e transcende a tua alma.  


Olhos castanhos claros, cabelos cacheados, me lembram os meus,  

Cabelos que revelam sua personalidade forte e determinada, igual à vó. Obrigada, Deus!

Sua juventude tão questionadora, assim fui também, junto aos meus.


Espero que nunca esqueças nossas conversas, 

que nem sempre foram contínuas, mas que estão guardadas em meu coração.




Vai, minha neta, conhecer teu destino que você me mostrou,  

Destino bem planejado, que começa agora, quando vais viajar.  

Voe livremente, tenha o zelo contigo. Sonhe sempre que assim o desejar.


Acredite que tudo é possível e que só depende de você fazer acontecer.

sábado, 27 de julho de 2024

Libertação



Escrever liberta, e eu preciso me libertar. Nem tudo pode ser dito, mas com afinco faço minha alma falar. Falar o que sufoca no peito, o que por anos foi guardado. Por isso, quero me curar.

Minha alma está aflita pelo perdão, o perdão de si mesma. Chora lágrimas invisíveis, que só ela pode perceber. Dores sufocadas pelo desejo maior que não devo revelar aqui, mas que minha alma conhece bem.

Minha alma percebe a criança que errou, que fez o que podia, mas ainda assim não conseguiu ser livre e vibrante como os pássaros que voam em um céu azul de cores vibrantes, com o sol cujos raios atravessam o seu ser.

Agora, já madura, busca entender o porquê e se perdoar. É uma dor que não é física, mas intensa e verdadeira. Poucos conhecem essa dor, e já não há motivo para se revelar.

Assim, essa alma continua a se perguntar como poderia ter agido sendo apenas uma criança. Hoje, busca o auto-perdão e sabe: Não, eu não sabia!


Lua, vida minha!


Lua, vida minha! Como eu gostaria de te iluminar para que você ficasse ainda mais bonita do que com meus raios solares! Que meu céu azul claro se fundisse com teu céu azul escuro e criasse uma nova cor, assim como as cores primárias, que ao se unirem formam outras cores, dando mais beleza à natureza.

Com esperteza, tento te tocar, mas meus braços são curtos, como um pavio, então passo o dia te procurando. Que tristeza! Quando te encontro, você chega e eu já vou embora!

Então começa a noite com seu brilho azul escuro que me encanta, mas quando me aproximo, você vai embora. A dor fica no peito. O que posso fazer se você é como um amor platônico, cuja beleza está em nunca se realizar?

Olha, que destino! Eu te amo e não posso contigo ficar.

Outro dia, você chegou bem próximo de mim, mas o dia escureceu; foi só por alguns minutos, o tempo necessário para sentir teu amor; e... você se foi.

Assim são nossos momentos: sempre separados.

Vai, lua, ser a inspiração para os poetas, encantar os amantes com suas cantigas e consolar os apaixonados da madrugada. Vai pelas águas, deixando seu rastro de luz. Vai me deixando cada vez mais apaixonado. Você é minha razão de viver.



quinta-feira, 25 de julho de 2024

O galo


O dia amanheceu com o sol ainda tímido e um vento deliciosamente agradável. Ao longe, ouve-se um galo cantando, chamando-nos para acordar, pois o dia já raiou.

Ao som dos bem-te-vis, me espreguiço docemente, com uma preguiça de quem quer dormir mais um pouco. Sons que lembram a beleza das aves, sua delicadeza e graça, rasgam o céu em voadas que fazem uma dança que só elas sabem, e assim planam.

Quando  erguo o olhar, vejo os raios do sol insistindo em me dizer: "Vamos levantar, vem para a vida, viver." E o galo canta novamente, misturando-se ao silêncio da manhã. Um silêncio que permite ouvir ao longe o som dos carros passando. É uma sensação estranha de barulho com silêncio. Que curioso! Mas a paz que nos proporciona é maravilhosa. 

Pulo da cama, me visto, e agora vou espreguiçar o corpo por meio da yoga, para o dia começar.

E o galo canta mais uma vez...

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Fé em Deus e nos homens.

 


Um final de semana maravilhoso em Jericoacoara. Máquina fotográfica à mão. Mas, para nossa surpresa, após a noitada, ao chegar na Pousada Jeri Village: "Cadê a máquina?" "Ah, devo ter deixado no carro do meu filho."

Pela manhã, fomos ao estacionamento, porém nada de "máquina". Aí foi aquele rol de lembranças por onde andamos. Claro que só podia ter ficado em um dos lugares por onde andamos. Meu filho ria e dizia que eu não ia achar... Meu marido! Esse então só brigava comigo cada vez que eu falava em ir aos lugares perguntar se alguém teria visto a máquina de fotografia.

À noite, arrumando nossas malas, peguei no carregador da máquina e comecei a pensar nos bons momentos registrados até aquele dia. Na piscina, eu dizia que tinha muita fé em Deus que eu iria achar minha máquina; em nenhum momento, pensei o contrário.

Quando todos acharam que eu já havia dado como perdido, rumei ao primeiro restaurante onde paramos e corri para o rapaz acima e perguntei: "Ontem, você não achou uma máquina fotográfica naquela mesa?" Ele deu um lindo sorriso e disse: "Achamos sim, vamos ver se é a tua."

Diante do balcão, ele questionava ao colega. Eu super ansiosa. Só pensava: "Achei minha máquina." Quando seu colega nos deu a máquina, ufa! Era a minha. Só não dei um beijo e um abraço forte porque me contive. Mas dei pulos de alegria e saí correndo com ele até onde estava o meu filho, nora e marido, gritando:

"Eu não disse que acreditava em Deus?" "Vocês não têm fé!"

Meu marido sorriu e concordou comigo. Disse que nunca mais ia duvidar da minha esperança e da minha fé.

Deus nos dá anjos para nos guardar e neste dia foi o Sandro, do Restaurante Zchopp.


Fé em Deus e nos homens.

Não vire as costas para a violência

A violência está se tornando tão banal que já se sabe o que os jornais vão noticiar todos os dias. Existem até programas que vivem da violência. Seus apresentadores fazem um grande teatro ao falar de acontecimentos violentos, tentando dar um ar de indignação.


A violência é definida pela Organização Mundial da Saúde como "o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, outra pessoa, ou grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação", embora reconheça-se que incluir "uso de poder" em sua definição expande a compreensão convencional da palavra.



Fico me perguntando o que se passa na cabeça desses apresentadores. Será que eles acreditam que estão contribuindo para acabar com a violência? Será que a sua "atenção" ajuda a diminuir a criminalidade? E será que haveria audiência se não houvesse criminalidade? São questões intrigantes, na verdade.

Outro dia, eu estava indo buscar minha filha na escola quando vi uma moto parar abruptamente. Uma moça que caminhava pela calçada virou-se assustada e o motoqueiro tentou pegar sua bolsa. Eu simplesmente não podia acreditar no que estava vendo. Todos os dias ouvimos relatos desse tipo, mas testemunhar é algo que nos faz agir sem pensar muito. Parei mais adiante e comecei a buzinar insistentemente. Observando pelo retrovisor, vi uma Hilux dobrando a esquina no local do assalto, e o motoqueiro subiu na moto e fugiu no mesmo instante. Não sei dizer ao certo por que não fui atrás dele, mas retomei meu caminho. Enquanto o via se afastar, só pensava em derrubá-lo com uma manobra brusca do carro. Quando me preparei para fazê-lo, outro motoqueiro, que não tinha nada a ver com a situação, se interpôs entre nós. O motoqueiro ladrão seguiu impunemente adiante, e eu o acompanhei com o olhar até perdê-lo de vista, continuando a buzinar para que ele não se esquecesse de mim. Por quê? Por que não o persegui? Esse era o meu desejo: o trânsito estava parado! Esta é a principal vantagem para um motoqueiro. Um carro não pode ocupar o espaço que eles ocupam e, portanto, beneficiar-se da prática do mal. É simplesmente revoltante. Não conheço a moça. Acho que ela não foi assaltada, pelo menos essa foi a impressão que ficou ou, então, é fruto do meu desejo.



O medo é uma sensação que gera um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer algo, geralmente porque se sente ameaçado, tanto fisicamente quanto psicologicamente.



Depois de tudo isso, me ocorreu: e se ele estivesse armado? E se tivesse atirado nela ou em mim? Por que não continuei meu caminho? De que adiantou a buzina? Se eu tivesse derrubado o motoqueiro, o que teria feito em seguida?

Ao contar o incidente para algumas pessoas, o que mais me impressionou foram as reações: "Você teria coragem de derrubar o motoqueiro? Não teve medo? Você está louca? Mãe, o que você está pensando, além de ter feito uma loucura! Um dia você vai se arrepender!", etc. E olha, eu não me arrependo. Desejo que alguém um dia faça o mesmo pela minha filha, que passa por ali todos os dias. Tenho medo? Sim, tenho. Mas meu maior medo é ficar indiferente ao próximo. Rezo todos os dias para que Deus me proteja a mim e a todos. Que Ele me torne invisível ao inimigo. Que Ele me permita me defender do mal. E, principalmente, que eu nunca, mas nunca mesmo, precise me defender, mas se precisar, que eu saia vitoriosa. Se eu peço isso todos os dias a Ele e tenho sido atendida, como posso não olhar pelos outros?

Confesso que até pensei por que aquele motoqueiro tentou assaltar a moça. Será que havia uma família necessitada, um filho doente, desemprego, desespero? Orei por ele. Isso é tudo o que posso fazer no momento.

Agora vem o meu apelo. Não fechem os olhos para situações de violência. Não alimentem ainda mais a vulnerabilidade em que vivemos. Não assistam a programas que se beneficiam da violência. Orem a Deus todos os dias para que Ele nos proteja, a nós e aos nossos.




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