Hoje me dei conta de que é melhor ser filha do que ser mãe, pois quero colo. A mãe tem que cuidar, trabalhar, ser esposa, psicóloga, administradora, dona de casa e amante. Seus momentos são sempre intensos. Não há espaço para si, nem para o autocuidado. Seus filhos são uma bênção de Deus e merecem toda a sua atenção. Tornam-se a razão do seu viver; não há mais nada a querer.
Quando os filhos são bebês, há uma troca de amores que só as mães sabem sentir. Quando são crianças, até seus 12 anos, as atenções são outras, mas eles ainda querem o afago da mãe. Na idade da pré-adolescência, conversam conosco como se quisessem entender o mundo. Daí vem a adolescência, o desabrochar para a fase adulta. São homens e mulheres lindos, tal qual rosas a florescer. Tanto quanto belos, são introspectivos, fechados num mundo onde o colo de mãe é proibido e sua heroína já precisa passar por um upgrade. Mãe é chata. Vem a idade adulta, e agora ela não é mais "mãe". Para eles, agora será a vez de procurar um novo amor, mas não o de "mãe".
É neste momento que a mãe se percebe desnecessária. Fica cheia de dúvidas, porém feliz que seu bebê cresceu e está cheio de responsabilidades. Que lindo! Linda ilusão! Mãe chora, como a chuva a cair em noite escura. Mãe quer colo!
Chega o momento que toda filha deseja: ser mãe. É quando olha para o lado e quer sua mãe por perto. Medo da maternidade, de não saber cuidar. E chora de alegria, de dor e de medo. Afinal, como proteger este novo ser? E pensa: e mamãe?
Sua mãe, já vovó, se alegra novamente. Casa cheia de filhos e netos. Almoço em família, brigas, risos, a maior bênção. Gerações para a família continuar. Agora, a vó mãe está com seus pequenos e o ciclo se repete. De repente, netos crescidos... vó para quê?
Já não mais filhos e... nem netos, só a solidão da idade. Casa vazia. Quando muito, um "oi mãe". Nesta hora, se pergunta: - Quem sou eu agora?
Mãe quer colo!
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