Que criança não gosta de brincar na areia? Ainda mais se for na praia. Quanta emoção!
Correr na areia, fazer castelos, até afundar o pé no chão, só para ver a cópia do seu pé, que logo some quando a onda vem de surpresa e tudo apaga.
Até um mergulho posso dar para a areia pegar. Vê-la escorrer entre os dedos e nada ficar na mão.
Carros passam na areia. Que belo exemplo! Não! Aqui não pode passar, pois o bicho vai pegar.
O mar avança na areia como se estivesse brincando de vai e vem, tirando toda a areia para, depois, trazê-la de volta.
Nessa hora, me deito na areia para o mar molhar meus cabelos. Pareço até uma sereia, com seus cabelos longos abaixo da cintura. Assim começa minha brincadeira com você, minha caçula.
Lembro-me de você, criança, subindo nas minhas costas, dizendo: "Pula, cavalinho, as ondas do mar!"
Muitas vezes brincamos de jacaré, que é pegar a onda e se deixar levar até a areia sem afundar, sentindo a espuma brincar nos nossos olhos, a arder, e por vezes, bebendo a água salgada ao sorrir.
Não raro, apenas pulávamos as ondas, ou fingíamos que era uma briga com um tubarão. Ora era eu, ora era você. Quanta imaginação.
Nossa sintonia com o mar era tanta que não tinha graça não se molhar na praia.
Mas o tempo foi passando, e hoje restam as lembranças que nem sei se você lembra. Mas eu, eu não esqueço. Naquele momento, éramos só você, eu e o mar.