A distância nos remete a algo muito longe, mas se pensarmos melhor, ela é relativa. Do Brasil para a Austrália, é longe. Agora, se for dentro da Austrália? De um Estado para o outro? Sim, tem um espaço de tempo bom; vai de avião, vai de ônibus, vai de trem. E de um bairro para o outro? Pode ser também uma boa distância, não é? Mas se for a pé, de carro é bem rapidinho.
E assim como os vejo. Em nossos encontros nada é longe. Vamos de carro, de ônibus ou mesmo a pé. O que vale é estarmos juntos numa necessidade de compartilhar experiências, boas ou ruins. Dividir nossas histórias pela sabedoria da idade. Aqui já não importa se somos bonitos aos olhos dos outros, mas sim se somos inteiros e verdadeiros.
A distância foi encurtada pelo amor aos nossos filhos. Queremos ver de perto o que há de tão revelador nesta decisão de se morar tão longe. O que se buscou fugir, descobrir, ou esconder. Porque tão distantes dos olhos e da emoção familiar. O que talvez fizemos de tão errado que não foi só amar?
Segundo os psicólogos, somos sempre a causa dos distúrbios. Mas cadê a alegria dos Natais, das festas de Ano Novo, daquele Peru com as pernas queimadas? Quem era o orador que ninguém queria ouvir mas ouvia mesmo assim? E os abraços e os almoços do domingo? Ainda dou fim neste psicólogo! E a gente ri nervosamente.
E assim, estamos nós, aqui, querendo apenas dar um pouco de colo. Afinal, este é o nosso papel diante de filhos já crescidos. Onde, em sua maioria, já constituíram famílias, o que torna nossa vinda ainda mais prazerosa. Os netos são nossos filhos, também, cujo papel é negá-los muito.
E nas horas em que filhos trabalham e netos estudam, nos encontramos para conhecer este lugar maravilhoso. Cuja as praias têm areias limpas, com muitas piscinas na maré baixa, com praças lindas e parques de tirar o fôlego. Bares muito bons para dançar, ouvir música, um bom vinho e muita conversa. Dos risos, das conversas, jamais esquecerei. Visitas a zoológicos, ou a uma nova cidade, sempre havia algo diferente para fazer. E das fotos postadas no grupo para ninguém ficar de fora das brincadeiras. Não havia quem dissesse que já não éramos jovens!
Havia gente brasileira de todos os Estados no grupo de "Coroas Brasileiros", hoje, "Coroas na Gold Coast". Grupo que tem um vai e vem de "Coroas" ou de "Pais", já que há sempre o retorno ao lar. E tem os que ficam, estes estão no grupo sempre aguardando uma nova amizade para começar tudo de novo. É hora de ensinar os chegantes a passear sem esperar pelos filhos...