domingo, 28 de abril de 2024

O café


Lá estavam eles sentados juntinhos. O pedido era o de sempre: bolo de banana e um cafezinho.

Por horas ficavam a conversar. Os sorrisos deles demonstravam que havia pura sintonia.

E o olhar? Que lindo como se olhavam.

Lembro que nas primeiras vezes não havia muita intimidade, mas logo o cenário mudou. Vi-os trocarem um beijinho.

Sentei-me um dia pertinho, só para saber o que tanto conversavam. E olha que lindo, como eles não tinham aonde namorar por estarem cada um na casa de filhos. Quase todas as tardes iam sempre a algum lugar passear, mas para tomar um cafezinho, só no seu lugar preferido. Ouvi que ela amava o bolo que vinha acompanhado de um chocolate maravilhoso e muito cremoso. Ele, às vezes, recebia em sua boca um pedacinho deste manjar. Bonito era ver o olhar dos dois neste momento. Mas eles me perceberam e, envergonhada, levantei-me.

Uma atendente me contou que achava que eram namorados, pois havia muita cumplicidade entre os dois. Às vezes, encontravam-se com amigos no restaurante ao lado e muitas risadas davam, sempre de mãos dadas, e beijos carinhosos.

Outro dia, os vi sentados num sofá, pois não é que, escondida, fiquei a observar! Eles lado a lado, conversavam, faziam carinhos, já tinham feito compras, pois vi umas sacolas ao lado. Parece que presentes ela ganhou. Segundo o garçom que me viu espiar, disse-me: - não é lindo olhar para eles? Vêm aqui quase todos os dias e ficam por horas a namorar. Já tem até aposta que casamento vai dar!

Muito raro ver um casal com seus sessenta anos a namorar. Pensei que nesta idade o amor já não existisse. Vejo o quanto estou errado. Feliz em saber que o amor não tem idade. Que os demais assim procedam!

Sempre que ia a este local, buscava pelo casal. Tinha dias que lá estavam e outros que não. Mas depois não os vi mais. Imaginei que cada um deve ter seguido o seu caminho ou que podem estar em algum lugar tomando café juntos, sorrindo.


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