quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Apertadinho



Apertadinho

Autora: Darlene Maciel

Nem sempre vou poder te amar apertadinho.
Já que não resisto ao te olhar,
Sempre com vontade de te tocar
E te agarrar bem coladinho.

Fita-me, olha com olhos em brasa,
Olhos de um louco,
Que brinca com o fogo
E derrete a minha calma.

Seus olhares de labaredas, num clarão,
Escaneiam meu corpo... tão sutil,
Com um raio X do amor.
Vê todo o meu calor!

Me puxa de mansinho,
Me mostrando sua nuca
Para seu pescoço cheirar.
Que delícia de perfume!

Mil bitocas me dá e logo fica saliente,
Com seu olhar avassalador,
Me despindo sem me tocar,
Deixando meu desejo em furor.

Assim, o tempo passa e,
Agarradinhos, ficamos.
Cheira aqui e ali,
Deixando a pele eriçada.
Em teu perfume, me perdi.

Nossas bocas se unem
Num lindo arco-íris
Que só nós percebemos.
Tem um sabor de mel e flores,
Beija-flor de mil sabores.

Após tanto calor e ardor,
Mais apertadinhos vamos ficar,
Até o dia amanhecer
E muitos sonhos vão se desenhar.


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Sua chegada


Por Darlene Maciel

A noite chegou, e dormir não era possível.
Ver TV, filme, escrever — tudo demonstrava minha ansiedade.
Preciso sonecar para, logo, meu amor encontrar.

A saudade cria expectativas — fazemos uma cena de cinema — imaginamos todos a te ver desfilar, deslumbrante como em contos de fadas.
Oh! O tempo passou depressa.

Me visto como para uma grande festa, e batom vermelho vou usar.
Quem sabe, ao final, nossas bocas vermelhas e borradas vão ficar?

Ah! O voo chegou cedo... e aquele beijo de cinema não vou dar.
Então, como um raio de luz, chego ao destino e, nos seus braços, vou me jogar.
Meu Deus... lá está ele!

No salão do aeroporto, já te vejo de costas.
Devagar, como um gatinho, me aproximo só para te abraçar por trás.
Sinto meu coração disparar, me agarro com força e te enlaço com um laço — apertando com amor.

Sabe aquele beijo cinematográfico?
Nem de longe foi como o beijo que recebi.
E, mais uma vez, pude perceber que nada mudou.
Você é meu bem-querer, mais doce que um docinho.

Lado a lado, fomos ao carro, sorrindo um para o outro, pois sabemos que nosso destino está selado.
Agora, o futuro vamos desenhar — com lápis na mão — criando nosso ninho,
morada da águia — alto, livre, inalcançável —
onde só o amor pode pousar.



Meu alado amado


Como um cavalo alado, vejo toda a imensidão das montanhas e seus vales verdejantes. Meus olhos miram cada detalhe, a gravar a beleza da natureza que nos faz pensar: quem tudo fez? Meu alado me encanta, com suas rasantes atrevidas. Uma subida súbita para alcançar as nuvens do céu, e um frio na barriga me faz tremer de emoção.

Vejo um vale lindo e nele quero um piquenique fazer. Desço do cavalo voador, cansada de tanto me equilibrar, as pernas bem doidas, e quem liga para a dor? Pois o coração está a pulsar de tanta comoção.

Jogo um xale, coloco todo o amor que consigo. Deito na relva para o céu apreciar e te vejo ao meu lado. Agora já não é um cavalo alado, mas o amor da minha vida.

Olhamos para o céu e nele vemos um casal alado a voar lado a lado, dando voltas no ar, um seguindo o outro, numa cena que nos faz desejar também voar.







quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Minha mente





Minha mente pede paz.
Quero sacudir a poeira,
jogar fora toda a sujeira,
limpar os cantos, sujos de uma poeira fina
que se torna invisível aos olhos distraídos do pensar.
Minha mente pede colo.

Quero sentir a mão amada do ser querido,
pedir um lenço para acolher o que não pode ser mudado.
Minha mente pede paz.

Minha mente não quer obrigações indesejadas,
mas precisa acolher a densa nuvem
que se ergue no labor dos dias.
Minha mente quer amor,

igual aos pássaros a voar
num céu azul de anil,
e pousar no mais alto cume
para admirar toda a beleza do saber.
Minha mente pede visão.

Minha mente está confusa,
mas não com você, meu amor, minha vida.
E, sim, com o pouco tempo que teremos,
se meu labor continuar.
E disto, você sabe bem: por mim, iríamos só viajar.
Pois minha mente pede clareza.

Autora: Darlene Maciel


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

O Nome Do Meu Choro


Quando o choro vem como a maré alta, levando tudo que vem pela frente, é como se fosse um movimento de vai e volta. Lembranças fluem como filmes, semelhantes a um trem em constante movimento, sem horários definidos, deixando quem o espera em um limbo total.

As lágrimas escorrem pelo rosto como a chuva que lava as ruas ladeira abaixo. O nariz vermelho, como uma maçã madura, não esconde o amargor das lembranças. Das narinas escorre tudo que já não faz bem, lavando — em gotas grossas de chuva — a janela da alma, revelando tudo o que há por trás da fachada.

As expressões faciais revelam extrema dor, assim como a alegria, que também expressa um retrato — mas com um sorriso no final. Não adianta pensar que o choro é apenas infelicidade, dor ou raiva. Ele limpa a casa com água salgada, deixa tudo pronto para o viver. Assim como o Sol e a Lua juntos formam o dia, as emoções se complementam. Essa é a herança!

Meu choro tem um nome: esquecimento! Como um nevoeiro que encobriu o caminho de volta para mim. E, apesar de não ter esquecido os outros, padeci de mim mesma. Morri para o meu eu — aquele que mais precisava de acalento.

Choro hoje para, amanhã, correr atrás do que esqueci. Sei que não tem volta, então recuperarei o que for possível — todas as glórias que a mim pertencem — sem desperdício.

Choro para deixar para trás tudo o que não quero mais carregar. Jogo para longe as pedras que carreguei na mochila do esquecimento. O fardo foi pesado demais; vou descartar o que posso.

Do futuro, só desejo lágrimas de felicidade, gratidão e amor — amor este livre de qualquer pudor. Vou amar cada pedaço do outro, cuidando como se fosse um lindo jardim que, por ora, só carece de adubo. Vou moldar o amor — o meu e o do outro — como quem cuida do barro: com paciência, cuidado e atenção.

Meu choro agora será apenas de alegria, como o farol é para o navegante perdido em um nevoeiro. Nada mais.


Autora: Darlene Maciel



sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Altar e Oscar



Não sei o que esperar,
mas agora vai ser para sempre,
e com você vou ficar.
Não temos o tempo, mas temos vontade
de que tudo dê certo e se torne verdade.

Uma estaca vou fincar nos quatro cantos,
para nada se soltar, sem espantos...
para eternizar.

Quando o pássaro de ferro pousar,
vou receber todo mundo como comissária:
elegante e serena, sem ousar.

Diante da nova vida que se inicia,
junto ao meu amor, que me delicia,
que vem para mim com a promessa
de me fazer feliz, com gentileza.

No entanto, eu te peço:
— Deixa eu ser a tua felicidade também!

Andas agora no tapete vermelho
que puxei para te receber,
pois este "Oscar" é nosso.

Vamos erguê-lo bem alto,
e aqueles que não o reconhecerem,
saiam da nossa frente,
pois não se divide, nãos se dá a ninguém.

Ele é nosso,
pelo filme que desenhamos
em linhas de amor.

Agora, ponho meu vestido branco
e vou até você no altar imaginário que criamos,
para nele dizermos a Deus:
Com todo o meu coração, prometo te amar na alegria e na tristeza.
Sim, eu te recebo.

Sejam todos convidados,
e o presente...
é uma oração para afastar de nós qualquer mal.

Amém!


segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Liberdade: entre máscaras e medos

O que é liberdade? Pode ser a simples decisão entre o certo e o errado, conforme a cultura em que se vive. Pode ser não estar embaralhado, querer tudo do seu jeito —  e pronto. Pode ser viver como um palhaço que a todos diverte, mas tem expressões que nos deixam a pensar: será que é tristeza? Ou viver sem liberdade, como as esposas que escondem seus desejos por medo de serem condenadas à solidão.

A decisão é um passo importante na definição de liberdade, pois será ela que irá te levar aonde você quer chegar — como o leme de um barco, que busca pelo vento na procura do caminho a seguir.

Há quem a veja na Estátua da Liberdade: uma mulher empoderada, sem medos, ou um homem que a tudo enfrenta. Outros a veem no ato de escolher um caminho a seguir.

Temos a nossa liberdade, o livre-arbítrio, que pode transformar tudo. Existem diferentes formas de liberdade: a liberdade "de" e a liberdade "para". Temos a liberdade de andar, correr, ir; e a liberdade para dizer "sim" ou "não", amar, sorrir e assim por diante.

Mesmo com liberdade, ainda não podemos fazer tudo, pois existe o "outro", e esse "outro" estabelece nossos limites.

Então, seja livre, mas não aprisione o outro.


Autora: Darlene Maciel


sábado, 31 de agosto de 2024

O quarto


Me espreguiço como um gato.
Minhas pernas vou esticar, meus braços levantar, todo o meu corpo quero alongar, preparando-me para o sono que há de me embalar.

Agora já posso dormir, fechar os olhos e... olha que curioso: no quarto quero repousar, mas também escrever. Narrar a nossa história. Pego o lápis e rabisco algumas frases de amor, mas os olhos pesados não me permitem continuar. Melhor deitar-me.

Na cama, penso em você. Quero sonhar com meu amor, mas no sonho não mandamos. É melhor imaginar. Fecho os olhos para te ver. Sinto até o teu cheiro — quem diria? Oh, meu querer!

Vou me acomodando na cama. Viro para o lado, puxo o travesseiro, coloco um no pescoço e me agarro ao outro, acreditando que é você.

Olho pela janela: vejo a lua brilhar, o céu azul-negro e muitas estrelas cintilar. Penso: onde você está?

Apago a luz para dormir. Agora só penso em descansar. O espreguiçar já não foi necessário, pois meu corpo pede cama. Uma gostosa sonolência me envolve, quase como se eu sentisse teu abraço a me mimar. Que saudades de você, meu amor!

No quarto, agora escuro, o sono vence. Durmo com um sorriso nos lábios e a certeza de que amanhã te terei em meus braços outra vez.

Autora: Darlene Maciel


Sete Véus


Como a dançarina dos Sete Véus,
Vejo-te, em passos suaves, se contorcer,
Para desvendar teu corpo,
Mistério que se revela em silêncio.

Desnudando tua beleza,
Teu corpo sensual, com cuidado, quero acariciar,
Como a delicadeza de tuas mãos e braços,
Num ritmo que lembra movimentos em câmera lenta.

Estou ficando excitado
Só de imaginar-te nua,
Numa noite de luar,
Fazendo movimentos que acompanham o ar fresco da noite.

E eu vou te admirar,
Sentindo-me um rei egípcio,
Em silêncio, a escolher
A quem amar com devoção.

Em cada movimento,
Um dos véus vou retirar,
Alegrando o meu olhar,
Que se delicia com tua beleza.

Quero ouvir de você,
A cada véu, teus suspiros,
Pois é assim que te prefiro:
Entrega e desejo em harmonia.

Ao final, te quero na cama,
Toda desnuda,
Tão bela quanto a flor mais bonita
A enfeitar os jardins do meu palácio.

Autora: Darlene Maciel

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

A proposta


Com um convite inesperado, senti meu corpo arrepiar; a imaginação corre solta. Que loucura! Vou te amar.

Corro rápido para o meu ninho, ansiosa para o encontro. Quem sabe, num desatino, me agarro ao desejo de te olhar. Mas a paixão me consome, e em nosso ninho só quero estar.

Meu coração dispara como um raio que risca o céu, iluminando o caminho para eu te alcançar, igual ao passarinho que sai do seu ninho para o amor encontrar. Voa, voa, passarinho, e pousa em meu pensamento, transporta meus sonhos onde nele você está.

Leva meu amor, que anseia por me encontrar. Diz a ele, por favor, que logo estarei ao seu lado. Só não me deixes me perder; me mostra o lugar onde o Amor com o Amor vão se encontrar.

Amantes juntos novamente, num encontro mais gostoso que os amantes se permitem: beijos, abraços e sussurros, tudo o que o encontro permitir. Nada pode faltar. Assim como o céu onde as estrelas brilham num azul escuro, os amantes vão se amar.

Agora, deitados lado a lado, já exaustos de tanto prazer, a imaginação nos permitiu viver o que sonhávamos. Só resta descansar, entrelaçar nossas mãos e dizer um para o outro: “Boa Noite”, meu Amor, minha Vida!

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Sem sono!


A noite é hora de dormir. Tento dormir e logo sinto a saudade de você, meu amor.

Mas o sono não vem. Pensamentos vagueiam por meu quarto como sombras a nos assombrar.

Na esperança dos olhos cansarem, busco olhar o celular. Leio poesias que me inspiram, outras que nada me dizem.

Fecho os olhos e mil pensamentos me atrapalham. Tem algo amanhã que devo fazer? Como estarão meus filhotes? Vou conseguir acordar cedo? Jesus, cadê este sono!

Me viro na cama, agarro meu travesseiro, dobro a perna para melhor acomodar o corpo. Hum... melhor do outro lado. Eita, travesseiro alto. Dou um murro nele. Aff... e o tempo vai passando.

Levanto, tomo água. Corro para a cama. Cadê o sono?

Quando menos espero, percebo que aos poucos os olhos querem fechar, as pálpebras pesam e o sono vem, e com ele a certeza de que um novo amanhã nascerá.

Não fui


Sim, não fui. Por quê? Me parecia o correto.
E como influi tal decisão em meu viver?
Antes divertida, hoje contraída.
O que me segura? Não tenho certeza. Ai, que zoeira!

Pode ser porque tive medo? Olha que enredo!
Meu ego querendo se esconder!
E logo ele, que só quer aparecer.
Vai entender? 

Já sei, foi por causa do lugar. Não!
Lá impera alegria. Ou será pura ironia?
Que nada! Foi porque era longe.
Nem de longe vou saber.
 

Mas pera ai? Tinha que ser.
Você não estava lá, meu bem querer.
Que graça teria ver todos acompanhados
e eu sem você?

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Areia do Mar



Que criança não gosta de brincar na areia? Ainda mais se for na praia. Quanta emoção!

Correr na areia, fazer castelos, até afundar o pé no chão, só para ver a cópia do seu pé, que logo some quando a onda vem de surpresa e tudo apaga.

Até um mergulho posso dar para a areia pegar. Vê-la escorrer entre os dedos e nada ficar na mão.

Carros passam na areia. Que belo exemplo! Não! Aqui não pode passar, pois o bicho vai pegar.

O mar avança na areia como se estivesse brincando de vai e vem, tirando toda a areia para, depois, trazê-la de volta.

Nessa hora, me deito na areia para o mar molhar meus cabelos. Pareço até uma sereia, com seus cabelos longos abaixo da cintura. Assim começa minha brincadeira com você, minha caçula.

Lembro-me de você, criança, subindo nas minhas costas, dizendo: "Pula, cavalinho, as ondas do mar!"

Muitas vezes brincamos de jacaré, que é pegar a onda e se deixar levar até a areia sem afundar, sentindo a espuma brincar nos nossos olhos, a arder, e por vezes, bebendo a água salgada ao sorrir.

Não raro, apenas pulávamos as ondas, ou fingíamos que era uma briga com um tubarão. Ora era eu, ora era você. Quanta imaginação.

Nossa sintonia com o mar era tanta que não tinha graça não se molhar na praia.

Mas o tempo foi passando, e hoje restam as lembranças que nem sei se você lembra. Mas eu, eu não esqueço. Naquele momento, éramos só você, eu e o mar.