terça-feira, 30 de abril de 2024

Teu olhar

Não paro de pensar: por onde anda seu olhar?

Que mais buscar além de mim?

Que nem querubim se viu flechado!

Não acho que estou errada.

Não falo sem muito apreço, visto que careço do azo que me pareço.

Pare aqui, logo, não vou partir.

Não precisa se preocupar, pois meu lugar já vou ocupar.

Dele não vou sair, pois nele só quero seguir.

Igual ao leme que navega no teu coração.

Quero içar minha aurora!

Não paro de te olhar. Seus olhos me devoram com devoção.

São como bilas pretas a me fitar. Mas não há 12 bilas, e sim duas com um ar de agrado.


Me lembram a noite, a brilhar num céu cheio de estrelas.

Muitas vezes me fitam com tanta paixão que me sinto abraçada, sem braços a me apertar.

Noutros me olham em comoção, e sempre me acompanham por onde penso chegar.

Se não gosta, o olhar já muda para uma doce censura, poucas vezes um zangado olhar.

Mas se o desejo bater, este se acende como carvão em brasa, e me faz acender as asas da imaginação.

De olhos a fitar, passam a me devorar.


domingo, 28 de abril de 2024

O café


Lá estavam eles sentados juntinhos. O pedido era o de sempre: bolo de banana e um cafezinho.

Por horas ficavam a conversar. Os sorrisos deles demonstravam que havia pura sintonia.

E o olhar? Que lindo como se olhavam.

Lembro que nas primeiras vezes não havia muita intimidade, mas logo o cenário mudou. Vi-os trocarem um beijinho.

Sentei-me um dia pertinho, só para saber o que tanto conversavam. E olha que lindo, como eles não tinham aonde namorar por estarem cada um na casa de filhos. Quase todas as tardes iam sempre a algum lugar passear, mas para tomar um cafezinho, só no seu lugar preferido. Ouvi que ela amava o bolo que vinha acompanhado de um chocolate maravilhoso e muito cremoso. Ele, às vezes, recebia em sua boca um pedacinho deste manjar. Bonito era ver o olhar dos dois neste momento. Mas eles me perceberam e, envergonhada, levantei-me.

Uma atendente me contou que achava que eram namorados, pois havia muita cumplicidade entre os dois. Às vezes, encontravam-se com amigos no restaurante ao lado e muitas risadas davam, sempre de mãos dadas, e beijos carinhosos.

Outro dia, os vi sentados num sofá, pois não é que, escondida, fiquei a observar! Eles lado a lado, conversavam, faziam carinhos, já tinham feito compras, pois vi umas sacolas ao lado. Parece que presentes ela ganhou. Segundo o garçom que me viu espiar, disse-me: - não é lindo olhar para eles? Vêm aqui quase todos os dias e ficam por horas a namorar. Já tem até aposta que casamento vai dar!

Muito raro ver um casal com seus sessenta anos a namorar. Pensei que nesta idade o amor já não existisse. Vejo o quanto estou errado. Feliz em saber que o amor não tem idade. Que os demais assim procedam!

Sempre que ia a este local, buscava pelo casal. Tinha dias que lá estavam e outros que não. Mas depois não os vi mais. Imaginei que cada um deve ter seguido o seu caminho ou que podem estar em algum lugar tomando café juntos, sorrindo.


Longas conversas


Todos os dias conversamos por horas, quem sabe até a aurora!

Olhar teus olhos, às vezes, miúdos que me lembram ruídos de amor de outrora.

Tua boca, vermelha e carnuda, me convida a te beijar.

Querer parar, nem pensar, tudo que se quer é sarapintar.

Do que se fala, pouco importa, o importante é conversar

sobre a vida, ou sobre os dois, como é bom prosear.

Risos e olhares, pensamentos mil, vamos brincar, meu amor!

E como uma ciranda a rodar, sentimos o mundo se encaixar.

Já não há dois, apenas um só, a imaginar como será!

Quando a ciranda acaba e o sorriso de Monalisa se põe, já sabemos que o querer não acabará.

Resta agora esperar e mais uma vez se encantar com poesias a improvisar,

Lembranças de como tudo começou e planos de como tudo sucederá.

Mas já vou avisar, só com você quero estar.


sábado, 27 de abril de 2024

Vida

O que é vida? Palavra de duas sílabas, mas com um conceito extenso. A vida é para ser vivida, não importa se houver consenso. Pouco se sabe sobre sua origem. Seres inanimados e animados convivem até hoje com este mistério, tudo tão aleatório.

No nascimento, a vida só começa após o ar entrar nos pulmões, num momento chamado Sopro da Vida. Momento único para todos que, envoltos de emoção, observam a vida surgir com tanta comoção.

Ela pode ser plena ou apenas um passar, sobre ela não tens total domínio. Mas veja que fascínio, podemos mudá-la por completo. Há sempre dois caminhos, resta a você fazer o trajeto. Aquele que sua intuição escolhe por correto.

Por vezes, não a compreendemos. Não sabemos por que nascemos, para que viemos, apenas que nascemos. Então, que nosso trajeto seja repleto de alegrias, da mais pura harmonia. Nada de viver na melancolia, ou do que devia, viva com melodias.

Temos pouco conhecimento sobre ela. O que importa é como a desfrutamos. Pode ser com amigos, família ou conhecidos, desde que haja paz e harmonia. Não dê razão ao verbo renegado, pois desta vida nada se leva, mas deixe aos outros todo o seu legado.


Mudanças na vida acontecem, algumas são bruscas e perturbadoras. Mas de repente tudo pode mudar e assim tudo melhorar. Seja o autor de boas mudanças, aprenda com os ensinamentos dos erros, que são meros deslizes do aprendizado. Mantenha-se motivado.

A vida está em todo lugar. Nas flores a desabrochar, nas árvores a crescer, no ar a soprar, no sol a brilhar e na lua ao luar.

Eu aprendi a viver com minha Vida, a quem assim a denomino. Minha inspiração diária para escrever. Gostamos tanto de poesia que juntos fazemos de improviso versos de amor um para o outro. Uns rimam, outros não, mas quem se importa, o que vale é a intenção.

Bom dia, Vida!

O fim

Sei que não acreditaste que era amor, sei que sempre duvidaste. Nunca te deixaste amar por completo. Uma vida inteira a dois na mais completa solidão. Quanto tempo perdido nestes anos passados. Mas por que será? Difícil saber.


Talvez nunca tenhas amado, ou não soubeste amar por inteiro. Há quem passe a vida toda sofrendo por outro amor sem olhar para o amor ao seu lado. É somente quando perde que se dá conta de que amou.

Aquilo que deveria ter sido uma linda história de amor se transforma em ódio, rancores e desamor. Deixou-se o tempo passar na esperança de algo mudar. Não há mudança sem transformação. Sem descobertas para o novo, é preciso ação. Às vezes, precisamos de ajuda externa. E se não se busca tal fim, só resta aguardar o desenrolar final.

Assim, o fim chegou com dores e não havia como ser sem ardores, um esperou tudo mudar, o outro nunca se importou. Cada um em sua morada, onde uma nova vida será elaborada. Quem sabe agora uma nova namorada seja amada.


Se vives assim, reflete sobre o que te leva a continuar dessa forma. O que podes fazer para mudar? Se todas as respostas são "Não", abre espaço para algo novo. Liberta-te e liberta o outro. Sê nada menos que feliz.

domingo, 21 de abril de 2024

A mesa




Quem pensa que a mesa é apenas para alimentar-se, esquece que até música foi composta sobre ela: "...Naquela mesa, ele está faltando e sua ausência dói em mim..."


Muitas vezes, a mesa é palco de momentos de grande alegria. Seja na Ceia de Natal, no Ano Novo, na mesa de doces dos casamentos, em discussões familiares ou na tomada de grandes decisões, ela está presente. Se tentasse enumerar todas as situações, não haveria fim.

Desde os primórdios da humanidade, os grupos se reuniam ao redor do fogo para se divertir e fortalecer sua cultura. Assim, a mesa, em sua forma mais rudimentar, mantém a mesma finalidade até os dias de hoje.

A mesa não é apenas um objeto de decoração; é o centro das casas, das organizações, das festas. Quantas invenções foram concebidas e projetadas sobre ela? É nela que eu gosto de escrever, de contar histórias e fatos, até mesmo de criar poesias.

Quando me sento à mesa, um mar de inspiração me envolve. Gosto de contemplar o vaso de rosas, com suas flores amarelas e rosas, seus caules verdes e pedaços de madeira. Tudo isso em um vaso longo, quadrado e estreito. É uma pena que não sejam flores reais, mas mesmo assim embelezam. Deixo minha imaginação fluir e me pergunto quem mais gostaria de discorrer sobre uma mesa.

Sabe o que eu gostaria? Que você compartilhasse nos comentários uma história ocorrida à mesa. E para demonstrar que há histórias engraçadas, vou contar a de um amigo no Carnaval de Aracati, que, após inalar Loló (é verdade!), ao se deparar com uma mesa longa à sua frente, pulou sobre ela e espalhou-se por todos os lados, pratos, comidas, cervejas. As pessoas corriam sem entender nada, e ele disse: "Pensei que fosse uma piscina e pulei!" O resto você já imagina!

Agora, qual é a sua história?




quinta-feira, 11 de abril de 2024

O carro



Logo sinto o ar a balançar meus cachos. Voando a rajadas de vento com um sol lindo da manhã. Ponho uma música e tudo fica melhor. Olho para frente, há outros carros a viajar, levando uns para o labor, outros para o lazer, ou mesmo, para o lar.

Tenho pressa para chegar mas há um limite a respeitar. O pedal já vou soltar. Afinal, preciso chegar.

Puxa! Um sinal! Só me resta parar... lá vem o flanelinha, desculpe, mas sem trocado. Será verdade? Nem a idade pode negar, novo ou velho. Que pena!

Volto ao volante toda confiante, já vou ao destino chegar. E o vento a balançar cada cacho meu. Como gosto de dirigir. A música fica alta, o sentimento do belo é ainda maior.

Paro e olho para o lado, como há beleza no ar. Agora já vou descer e para o trabalho vou me preparar.



Imaginação

Onde posso encontrar você? Olho as horas, mas você não está no relógio. Procuro ao redor e não há nada lá. Vejo o celular e descubro que é lá que vou te encontrar. Vamos conversando, vejo que é o máximo que vamos conseguir ficar.

Onde posso te beijar? Na boca física, nem pensar! Que tal no celular? A tela até é quente, mas não tão quente quanto teus lábios, vermelhos, carnudos e sorridentes. Só me resta imaginar.

Onde posso te tocar? Já sei, no celular, não é mesmo? Não! Então, é hora de ousar mais uma vez. Ficção até parece. Fecho os olhos para te ver perto de mim e eu te tocar o rosto. Com as pontas dos meus dedos na tela, faço o contorno dos teus olhos, nariz, boca. Toco tua face. Te faço um afago. E tudo o mais imagino. Que coisa doida! É pura emoção!

Onde posso te encontrar? Tal pergunta não sai da minha cabeça toda vez que a saudade bate forte no meu peito. E não adianta dizer que temos celular, pois nesta hora tudo que quero é você ao meu lado com total devoção.



terça-feira, 9 de abril de 2024

De mão em mão


Tenho-te em minhas mãos. Pela tela, vejo-te tão perto que parece não existir distância.

Em minhas mãos, vejo todas as emoções serem postas à mostra como numa tela de TV.

De mão em mão, há longas conversas, às vezes calorosas, às vezes não; são horas passadas de mão em mão.

Na mão, sinto amor, tão forte que um beijo na tela se estala.


Aproximo a mão para sussurrar o que outros não devem ouvir. Só falta colar no rosto com frases de paixão e muita emoção!

Afasto a mão para poder ver-te. Fitando cada parte tua. Teu sorriso, tua boca. Ah! Que sorriso lindo!

Que boca carnuda! Tão vermelha que parece uma maçã. Dá até vontade de morder!

Assim, a tela se fecha e da mão vai para o lado, até chegar a hora de uma nova chamada para te ter em minhas mãos outra vez.

Viro o rosto e a mão acompanha. Chega a hora de, com um simples clique, dizer adeus.